sábado, 10 de dezembro de 2011

Universos paralelos ou esquizofrenia das democracias modernas ...

... como quiserdes ... abrem espaço para absurdos como a explicação de malfeitos por autoridades públicas e decisões fajutas como essa que está para ser perpetrada : o Kyotinho ... caramba ! ... você acha que dá ... eu não , parei !  A liberdade exige o exercício ativo e pleno da cidadania o cidadão opina , vota , reage ... algumas vezes ... mas não é levado em consideração pelo sistema esquizóide de duas esferas de decisão a dos políticos eleitos que agem como se não tivessem compromisso com quem os elegeu e o colégio eleitoral que tem opinião mas fica esquecido e assim marginalizado ...ou quase . Se houver uma mobilização capaz de influir alguma coisa muda ... mas qual , muito pouco ...só para maneirar . A seguir comento e ao final transcrevo  dois artigos excelentes sobre o assunto escritos por dois jornalistas de primeira grandeza  que publico para que fiquem registrados e comento no que couber :
 O primeiro de Merval Pereira com o título : Universos paralelos ( publicado em O Globo de 10/12/2011 )
Um político sem tradição no mercado de consultoria deixa função pública e presta consultoria por remuneração alta de forma verbal,  chamada direta,  sem deixar evidências do conteúdo e apresenta o formalismo aparentemente correto como explicação ...não podendo sequer revelar o conteúdo como poderia faze lo, se quisesse ,ou pudesse , o ex ministro Palocci , nesse caso com veracidade comprovada ... muito experto o Pimentel  mas ...um servidor público tem que ter vida transparente;  tem que ser , parecer ser , e poder provar que é correto em suas vidas . Como poderá o Ministro Pimentel fazer isso se em sua esperteza não deixou pegadas ... então no mínimo que deixe a vida pública e vá enriquecer merecidamente com suas consultorias ...mas sem possibilidade de vender informações privilegiadas ...  como parece ter sido o caso ... o que o ministro nega ... sem poder provar sua inocência ... você acha que pode ser assim ...eu não acho , sem acusa lo eu digo : : Ministro saia da vida pública ! 
No mesmo excelente trabalho Merval leva o leitor para o plano internacional e mostra o que esta sendo feito pela insensibilidade dos negociadores nas discussões sobre o novo acordo internacional sobre mudanças climáticas ...estão facilitando com coisa séria impotentes para costurar um acordo realista produzem o que esta sendo ironicamente apelidado de Kyotinho  mera protelação de assunto que pede solução imediata dado ao crescimento geométrico dos efeitos do aquecimento global que arruína o nosso planeta  !
O segundo de Guilherme Fiuza com o título:Pimentel e os delitos explicáveis ( publicado em O Globo de 10/12/2011 )
Com fina ironia Guilherme condena a nova cultura dos malfeitos explicáveis que vem sendo praticada pelos Ministros acusados que acabam não conseguindo explicar o inexplicável ... pegando o boné e seguindo suas vidas em outras plagas . Porem deixam um mal cheiro no ar que nos desgosta a todos ...mas que fazer eles estão na estratosfera política quase inalcançáveis em seus tronos se julgando donos da coisa pública sem o menor vacilo ...pensam que uma simples explicação dada à Presidente Dilma  os inocenta do que ao público
não conseguem explicar ...muito menos à oposição ...dai a blindagem impedindo que os representantes do colégio eleitoral possam inquiri lo e julgar os fatos com olhos mais próximos dos olhos de nós outros que o pusemos la delegando à Dilma essa função . O  Lupi bem que tentou ... não conseguiu ... será que o experto Pimentel da consultoria verbal milionária conseguirá ... aposto que não , e você qual e´o seu sentimento ...a moda vai pegar ... vamos ter que aceitar essas consultorias verbais milionárias as nossas custas ... tá doido , vamos acabar com isso ...mas no voto ...voto em políticos que por suas vidas atestem virtudes que os recomendem , temperança , honradez , veracidade , etc . Até mais .
Transcrições :
Universos paralelos por Merval Pereira

Universos paralelos
● O distanciamento entre o que querem e pensam
a sociedade e os políticos é um fenômeno
da nossa pós-modernidade que surge a cada
momento em diversas partes do mundo. Agora
mesmo, temos exemplos desse divórcio tanto
no plano nacional, com o caso do (ainda) ministro
do Desenvolvimento, Fernando Pimentel,
quanto no internacional, com as dificuldades
que estão surgindo na reunião de Durban
sobre meio ambiente.
MERVAL
PEREIRA
E-mail para esta coluna: merval@oglobo.com.br
Nos dois casos, o que
os políticos pensam ou
têm capacidade de decidir
não corresponde aos
a n s e i o s d o s c i d a d ã o s ,
que não têm capacidade
de decidir, mas ampliaram
muito a capacidade
de vocalizar sua insatisfação
por meio dos novos
meios tecnológicos, amplificando
o desentendimento.
O (ainda) ministro petista
disse ontem que é
necessário ter “cautela
com o jogo político”, sugerindo
que está sendo
vítima de um ataque de
adversários.
Mas garantiu que está
“tranquilíssimo”, e que já
deu todas as explicações
à presidente Dilma. É uma
estranha maneira essa de
um político se comportar,
achando que basta dar satisfações
à sua chefa imediata,
desprezando a opinião
pública.
O correto seria que voluntariamente
fosse ao
Congresso dar satisfação
aos deputados e senadores,
em vez de mobilizar a
base aliada do governo
para impedir a convocação
oficial.
E não é apenas Pimentel
ou a própria presidente
Dilma que se distancia da
opinião pública ao agir assim.
Também a base aliada
no Congresso, sujeitando se
aos interesses pessoais
de um ministro, enfraquece-
se mais ainda, explicitando
sua subordinação
ao Executivo.
A presidente Dilma está
tendo uma dificuldade inimaginável
para aprovar alguns
poucos projetos de
interesse do governo, já
que tem uma maioria teórica
de praticamente 70%
do Congresso.
Mas vai ter que negociar
até o final do ano para
passar a DRU, o projeto
mais importante para o
Palácio do Planalto, pois
permitirá ao Executivo
utilizar com mais flexibilidade
20% do Orçamento,
sem se submeter a exigências
legais.
Quanto mais o Congresso
se fortalece nas chantagens
do dia a dia contra
o Executivo, mais se enfraquece
diante da opin
i ã o p ú b l i c a , q u e o vê
e x a t a m e n t e c o m o e l e
aceita ser: um mero homologador
das decisões
do Executivo, apenas exigindo
algumas vantagens
para grupos bem representados,
ou mesmo um
ou outro líder individual
com capacidade de mobilizar
aliados.
O jogo político que se joga
atualmente restringe aos
grupos ou políticos mais influentes
a capacidade de
decisão, e por isso existe a
disputa por ministérios.
Não há um partido que
tenha assumido um minist
é r i o p a r a re a l i z a r u m
projeto, apenas representantes
de partidos ou de
corporações que estão ali
p a r a f o r t a l e c ê - l o s e m
s e u s p ro j e t o s p o l í t i c o -
eleitorais.
A democracia representativa
vai perdendo, assim,
sua capacidade de refletir a
vontade do cidadão, e os interesses
pessoais ou corporativos
se sobrepõem aos
da coletividade.
■ ■ ■ ■ ■ ■
Um novo acordo sobre as
mudanças climáticas pode
ser alcançado em Durban,
na África do Sul, onde representantes
de quase 200
países estão reunidos na
COP-17, encontro sobre o
clima da ONU.
Mas, pelos textos que
circulam por lá, a melhor
hipótese é que se consiga
um “kyotinho”, que é como
está sendo conhecido
o documento que pode ser
aprovado.
“Kyotinho”, na definição
de diplomatas, seria
uma segunda fase de compromissos
do Protocolo
de Kyoto em que basicamente
a Europa, que hoje
re s p o n d e p o r 1 6 % d a s
emissões, quando muito,
manteria seus compromissos,
apesar do risco
de outros países — Japão,
Russia, Canadá e Austrália
— que agora formam
com os EUA o chamado
“ u m b r e l l a g r o u p ” n ã o
aceitarem.
Em troca, o grupo Basic
(Brasil, África do Sul, Índia
e China) acenaria com
a a c e i t a ç ã o d e “ f a z e r
mais” em termos de mitigação
e de aceitar no futuro
(2020) metas obrigatórias,
desde que os EUA
também aceitem.
Pelo acordo que se esboça,
o Protocolo de Kioto,
que prevê metas de redução
nas emissões de gases
do efeito estufa, seria prorrogado
até 2020, quando
então entraria em vigor um
novo acerto que deve ser
concluído até 2015.
O documento ainda tem
acertos a serem feitos, na
tentativa de superar a resistência
de alguns dos
m a i o re s p o l u i d o re s d o
mundo — notadamente
EUA, China e Índia.
O relato das dificuldades
é do deputado federal do
Partido Verde Alfredo Sirkis,
que está na reunião de
Durban na qualidade de vice-
presidente da Comissão
de Mudanças Climáticas do
Congresso Nacional.
Ele esteve há três semanas
na reunião do Basic, em
Pequim, e logo depois num
debate em Bruxelas, no Parlamento
Europeu, tudo relacionado
com a COP-17, e está
preocupado com o distanciamento
entre o acordo
viável entre os países e a
realidade.
“Enquanto isso, continuam
aparecendo dados
cada vez mais graves sobre
os efeitos exponenciais do
aquecimento global já ocorrido:
liberação massiva de
gases de efeito estufa (GEE)
no derretimento do permafrost
(tipo de solo do Ártico),
na recente seca da
Amazônia, na acidificação
dos oceanos, que além disso
vão perdendo sua capacidade
de absorver CO2.
São dois mundos à parte: o
do que a ciência trata e o
que o processo COP negocia.
Universos paralelos.
Coisa de filme de terror”
Merval Pereira

Pimentel e os delitos explicáveis por Guilherme Fiuza 


Pimentel e os delitos explicáveis
clientes, mas não pode fazer o primeiro
milhão que já querem puxar
seu tapete. A maior injustiça de todas,
porém, quem está sofrendo é a
presidente Dilma.
Em menos de um ano de governo,
já rolaram seis dessas cabeças privilegiadas
que ela escolheu para dirigir
(e digerir) o Brasil. A presidente
aparece como autora dessas decapitações
em série, que a maldosa
GUILHERME FIUZA
Ocaso Pimentel não traz novidade
alguma. Como dizem
os governistas, não
há motivo para espanto.
Tudo foi feito absolutamente dentro
das normas vigentes. E as normas
vigentes no governo popular,
após farta literatura, todos já sabem
quais são: usar a política como
meio de vida, e o poder público como
agenciador particular.
Fernando Pimentel, ministro do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, ex-prefeito
de Belo Horizonte e amigo
de Dilma Rousseff, cavou
R$ 2 milhões como
consultor “para sobreviver”.
Faz sentido. Um
amigo da presidente da
República não pode ter
uma sobrevivência qualquer.
E quem tem um currículo
desses não pode
pensar pequeno. Assim o
ministro se tornou um sobrevivente
diferenciado.
Antes de criticar Fernando
Pimentel, ponha-se no lugar
dele. Você termina seu mandato de
prefeito da capital mineira e ainda
falta um ano para a campanha presidencial,
que você vai coordenar às
custas do seu partido. A vitória na
eleição é bem provável, mas ainda
faltarão dois anos para você virar ministro.
Nesse momento de insegurança,
que alternativa lhe resta a não ser
prestar uma consultoria milionária?
E por que um cliente privado,
com interesses vitais no Estado,
contrataria para elaborar projetos
técnicos e cenários econômicos um
homem-forte do partido que governa
o país? Elementar: porque ele é
um excelente economista. Fernando
Pimentel tinha sido prefeito, era
o braço direito da candidata de Lula,
provável futuro ministro e, depois,
candidato forte a governador.
Por que uma entidade empresarial
com interesses nas três esferas de
governo entregaria, desprezando
todos os PhDs do mercado, seu projeto
ao neoconsultor Pimentel?
Naturalmente, por causa do seu
súbito e insuperável talento profissional.
O estudo custou R$ 1 milhão,
mas ninguém poderá conhecêlo:
o consultor não entregou
uma linha escrita
ao cliente. Segundo
ele, foi uma “consultoria
direta”. Difícil definir
esse novo conceito,
mas, pelo preço, deve
ser muito bom.
Um consultor bem-sucedido
também precisa
ter sorte. Pimentel conseguiu
arranjar o sócio
perfeito: outro excelente
profissional, capaz de
conciliar o trabalho na
consultoria com um cargo na Prefeitura
de BH — conseguido, aliás, pelo
próprio Pimentel. Aí vêm as coincidências
da vida: pouco depois de pagar
cerca de R$ 500 mil aos consultores,
uma construtora conseguiu
um contrato de quase R$ 100 milhões
com a Prefeitura. Sem dúvida, uma
consultoria pé-quente.
Mas o Brasil é um país de invejosos,
e já estão querendo derrubar o
ministro Pimentel. Antonio Palocci
sabe bem o que é isso: você passa a
vida fazendo assembleia, chega ao
poder com o suor do seu rosto, monta
com o partido a sua carteira de
opinião pública chama de faxina.
Não é verdade. Dilma não tem nada
a ver com isso.
Pelo contrário. Ela não queria demitir
nenhum dos seis — mesmo depois
de reveladas suas peripécias
privadas com dinheiro público. A
opinião pública não notou esse detalhe
(estava sonhando com a faxineira),
mas, diferentemente da consultoria
direta de Pimentel, está tudo registrado.
Com o inesquecível Carlos
Lupi, por exemplo, a presidente foi
praticamente uma mãe.
Depois da primeira leva de convênios
piratas desenterrados no Ministério
do Trabalho — num rombo
de quase R$ 300 milhões —, Dilma
aproveitou uma calmaria nas manchetes
para tentar sepultar o caso:
“O passado passou, gente!” Mas o
passado voltou com tudo — e trouxe
até cenas explícitas, como o ministro
saindo de avião arranjado
por empresário-cliente (onde ele
dissera nunca ter entrado).
A presidente não só continuou firme,
como peitou a Comissão de Ética
Pública contra a demissão do ministro.
Com a revelação de que Carlos
Lupi ocupara simultaneamente dois
cargos públicos, afrontando a Constituição,
Dilma finalmente tomou
uma providência: anunciou que pediria
ao ministro uma “explicação convincente”
para o delito.
Mesmo protegido pelo novíssimo
conceito dos delitos explicáveis, Lupi
caiu. De podre.
Mas a luta continua. Pimentel, o
braço direito, já foi instruído pela
presidente a manter a “normalidade
da agenda”. Emissários do palácio
afirmaram que R$ 2 milhões não é
um valor “tão astronômico assim”.
Tradução: o delito de Pimentel é
muito mais explicável que o de Palocci.
Nada como ter bons parâmetros
em casa.
O braço direito de Dilma já foi Erenice
Guerra, banida pelos invejosos
só porque vendeu influência na Casa
Civil. A semelhança com o know how
do braço direito atual deve ser mera
coincidência.
GUILHERME FIUZA

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